terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Colinho

Amanhã? Há festa. E cá em casa.
As tentativas de arrumar e limpar o ninho estão, portanto, reforçadas. O fim-de-semana ajudou a despachar algumas das infinitas tarefas acumuladas, mas, caramba... Tanta coisa para fazer. E amanhã? Há festa.
O fim do dia pedia mais agitação ainda do que o habitual. É lavar os copos que só saem do armário em dias de festas, é contar as loiças a ver se não falta nada essencial, combinar as paparocas, tirar tudo o que não é imprescindível na bancada da cozinha - para ter espaço para os petiscos que uns e outros vão trazer - acertar a lista das compras, separar a roupa da Inês, arrumar o quarto onde dormem as visitas, fazer....

Na sala, o leitinho da noite está choroso. Monstros na barriga da minha bebé, penso (o pensamento já se habituou a estas construções infantis). Estúpidas cólicas. O leitinho acaba por ir para baixo, já com uns olhinhos cansados, a pedir o merecido soninho. Mas hoje? O leitinho não foi assim tão salvador. O colinho não chegou. Os beijinhos não atenuaram. Os monstros não saíram da barriga da minha bebé. E ela chorou, chorou, chorou. Lágrimas a escorregar pelas bochechinhas abaixo, olhinhos de dor vermelhos. E ela roxa de tanta força. E nós? Sem chão.  
E ela? A espernear, de mãozinhas apertadas, de choro aflito, sem salvação com colo ou beijinhos.
Quero médicos aqui! Quero a saúde 24 ao telefone! Quero a pediatra a enxotá-los de vez!
Quero um colo grande para os três, até adormecermos e esquecermos estes tipos. Quero... 
Quero que ela durma e me sorria pela manhã. E quero que dar-lhe sopas e papinhas, quero mudar de leite... quero qualquer coisa que os afaste, pronto!

É dia 31, e a festa é hoje à noite. Mas já não quero saber dos copos. Nem da bancada. Nem da roupa. Nem dos petiscos.

Só quero que, mais logo, quando te for buscar para o leitinho, faças aquele sorriso grande. O meu colo.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Agora que cresceste

Agora que tens quase quatro meses...

Que já olhas para nós e nos fazes perceber que já sabes que somos pai e mãe,
Que já  és dona do teus sorrisos e gargalhadas,
Que já fazes beicinho e deitas lágrimas bochechinhas abaixo,
Que já agarras nalguns brinquedos com essas mãozinhas doces,
Que já olhas para a televisão e franzes o olho ou esboças um sorriso,
Que já fazes bolhinhas de cuspo sem parar,
Que já pões a língua de fora a imitar quem te tenta ensinar macacadas,
Que já observas tudo de alto a baixo, demoradamente e sem pudor,
Que já reclamas carinho e atenção,
Que já palras, como que a querer fazer palavras sair desses lábios bem desenhados,
Que já queres mandar no biberão com os movimentos mais ou menos certeiros desses minúsculos dedos,
Que já bebes 180 ml de leite num biberon de "crescida",
Que já queres provar o mundo todo com a tua língua,
Que já não cabes no berço, nem num simples bocadinho de braço e que não tens muita margem na banheira...

Agora... que és e fazes isto tudo, quero dizer-te, ou melhor, deixar aqui escrito  que...
Agora, que tens quase quatro meses, é uma felicidade ver-te crescer. E ser a tua mãe.
O melhor do meu ano. E, com toda a certeza, de todos os que virão a seguir.





sábado, 21 de dezembro de 2013

O dia encolheu

Este  post resulta do cansaço. E da incredulidade com que eu própria interpreto os meus dias, cada vez com menos horas para fazer coisas minhas e só minhas.
Mas, afinal, caramba, o que andas tu a fazer durante o dia, que nunca consegues ter tempo para as tuas coisas, nem  para manter a casa num estado razoável, nem para.. nem para.. nem para ter nada como ser?

Muito bem. Vamos ao relatório.

Quem tem bebés rege-se por blocos de tempo. No meu caso, de três em três horas há leitinho, ou seja, entre as 10 e as 22 horas, fazem-se 5 refeições, de cerca de meia hora cada. A das 6h30 não é para aqui chamada.

O meu dia começa às 9, um início que pretendo antecipar ainda mais para conseguir ter mais tempo livre antes do dia da Mel começar.

9 horas
O despertador toca e já passam 15 minutos quando consigo sair da cama. Olho para o lado, a Mel dorme descansada. A corrida começa.
Pequeno-almoço, sentada, com leite a deitar fumo, como tanto gosto e preciso para começar bem o dia. A torrada não tem manteiga, porque a nutricionista não deixa. Nem tudo é perfeito, mas está aceitável.
Arrumo a loiça do pequeno-almoço, limpo a mesa, seco a loiça que escorre desde o dia anterior.  Trato minimamente de mim, dentes, pijama fora... E começo a preparar o dia da Mel: arrumo as mantas da sala (jogadas para qualquer lado com mãos sonolentas na noite anterior), preparo o coelhinho peluche onde faz as sestas, acordo os brinquedos largados por ali, ponho a fralda de pano  e o babete a jeito, os comandos da TV para poder ver o MasterChef Australia da noite anterior. Na cozinha, organizo biberões e esterilizador. 150 ml de água fervida, cinco medidas de leite em pó, mexe bem mexido, põe a tetina, colher do medicamento para as cólicas a jeito.
Depois, o grande momento. Abrir o estore, colocar a música do mobile a tocar, afastar os cortinados e bom-diiaaaaa meu amoooooooreeeeee! Ela faz-me aquele sorriso rasgado e desdentado, encolhe a cabecinha nos ombros e voltar a sorrir, agora já com um guinchinho a acompanhar. Eu babo muito, sorrio,  sinto os olhos a brilharem e encho-me de cores cá por dentro.. Dormiu beeem meu amooooreeee?
Mudamos a fralda e comemos. Ela o leitinho, eu, em pensamento, as comidas dos aprendizes de chefs australianos.
Volta a dormir.

Lavo o biberão e ponho o esterilizador a funcionar. Apanho roupa, dobro e distribuo por gavetas e armários. Estendo uma máquina de seis quilos de pequeninas roupas. Faço chás. Lavo a loiça do jantar do dia anterior. Separo lixo para a reciclagem. Penso na sopa que quero fazer para o almoço e ponho mãos à obra. O puré está ao lume.

13 horas
Preparar novo biberão. Acabar de ver o Castle que comecei ontem, enquanto ela tenta mandar no biberão com os seus movimentos desgovernados, mas cada vez mais firmes e determinados. Oh my God, a minha menina está a crescer! Agora tem as mãos lambuzadas de leite, o queixo a escorrer... Mas está contente.
Adormeceu de novo. Hoje é um dia de sorte, penso eu, vou poder despachar algumas coisinhas que andam pendentes há dias e semanas... As cólicas ainda não deram as caras. Vamos disfrutar!
Passo o puré, hortaliças lá para dentro, ovo a cozer, isto hoje está encaminhado. Ponho a mesa, sem esquecer as sementes de linhaça, para misturar na dita cuja e ficar de uma vez enfartada e cheia de fibra!
Faço as camas, organizo o fraldário, reponho fraldas e toalhitas.
Almoço, despacho-me a arrumar as loiças. Limpo o fogão que ficou mal-tratado com a sopa que saltou do tacho (lume muito alto, falta de atenção, dá nisto!).
Descongelo o peixe para o jantar. Faço mais chá e espreito-a. Está de olhinho aberto, a pedir mãe. E a mãe aqui liga as luzes da árvore de Natal, prepara a espreguiçadeira e... resulta. Ela fica encantada da vida a observar o mundo que preparei para ela. E eu, encantada com ela, sento-me ao computador para tratar de umas prendinhas de Natal :) Mas, antes, decido, escrever no blogue. Oh poças... são 16 horas, tá na hora do biberão!

16 horas
Ela come e eu observo-a. Só. Adormece novamente. Vou para o computadoooorrr. Não quero saber de mais nada. O que está por limpar, vai continuar. Não quero saaaaberrr. Escrevo no blogue. Mas pouco: ela acorda. Vamos brincar um bocadinho? Vamos. Depois deixo-a um bocadinho a brincar sozinha.
Fervo água para os biberons. Cozo os peixes para o arroz do jantar.
Encho uma máquina com roupa, desta vez de adulto, e programo-a para a noite. Faço café na máquina.
Lancho já? Vou arriscar e esperar um pouco. Apanho a roupa que já está seca, dobro e engordo a pirâmide ranhosa que olha para mim todos os dias e grita: "Estás à espera do quê? Estou cada vez maior!!"
É hora de lanchar, a Mel está a ameaçar pedir toda a atenção. Arrumo a cozinha. Arranjo o peixe, ponho os ingredientes para o jantar a jeito. Sempre tudo a jeito, não vá ter que fazer tudo com ela ao colo...

19horas
Ups! Biberão. Outra vez?
O pai chega, peço que seja rápido. Os beijos são rápidos, tirar a gravata e o fato é rápido, o banho tem que ser rápido... A menina já tem colo, posso terminar o jantar, mas rápido. A cabeça ao jantar tem que ser polivalente: tem que dar para pôr a conversa em dia, ouvir uma ou outra notícia, planear o dia seguinte, fazer "olá e cutchi cutchi" à Mel que está ao lado na espreguiçadeira e pedir carinho e pensar na preparação do banho que acontece não tarda mesmo nada.
Olha, já está na hora do banho!Olha, já está na hora do próximo biberão.

22 horas
A Mel bebe o leitinho, aninhada no colo do pai, por entre sorrisos e uns olhinhos já pesados. Eu delicio-me com o cenário. Ritual do deitar terminado - que maravilha pô-la na cama, arranjar-lhe as mantas, beijá-la e cheirá-la, amo-te meu docinho e deixar o patinho a cantar e a bater asinha na cabeceira! -, é tempo de arrumar a cozinha, encher a marmita, organizar os biberões...
Por volta das 23 horas, é hora de sofá. Estamos estafados. A Anatomia de Grey fica para amanhã. Ou estávamos a ver a Segurança Nacional...?


Mais variante, menos variante, é isto.
Se fiz muita coisa? Fiz. Mas se foi o suficiente? Não.
Se é preciso mudar aqui alguma coisa? É, sim senhora.
Deixar de comer ajudava. E de sujar roupa :) Ok, uma empregada era bem-vinda. Ok, voltei à terra.


Ninguém disse que era fácil. Eu sei.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Anita vai à nutricionista

Experiências novas. Gosto. E preciso.
Quis a sorte premiar-me com um pack de três consultas de nutrição. "Olha que bem, hein?! O próprio destino a enviar-me indirectas!", pensei eu. Verdade admitida: preciso de perder o (pouco) peso que me restou da gravidez e já percebi que isso não vai acontecer com a indolência e a anarquia alimentar que têm caracterizado os meus dias.

Sempre pensei que voltava a fazer exercício físico e, com o embalo,  ajustava a alimentação. Mas será ao contrário, porque a sorte, lá está, premiou-me com conselhos de nutrição. E porque é  mais fácil alterar a alimentação do que deixar a bebé umas horas e sair de casa.
Uma coisa de cada vez? Uma coisa de cada vez.

Quis a dietista Tânia Camões, parceira da Mais Vida Gestantes, saber quem cozinha, como se come cá em casa, em quanto tempo se come, que espaço ocupam os legumes, a carne e o peixe no prato... Eu sabia que uma consulta deste género ia tocar em feridas!

O veredito? Foi aguado! Chá! Chá!

E o que eu (não) gosto de chá! Ui, ui... Quatro chávenas de água quentinha por dia? Sim senhora, podia ser bem pior o "castigo". Podia ser chá sem açucar, por exemplo! Ai é isso mesmo, sem açucar? Glup. Sim senhora, assim será. Podia ser pior. Podia ser chá de ameixa seca, por exemplo. Ai, também é para beber isso pela manhã, morninho? Glup. Sim senhora. E sem açucar, pois.
Verdade seja dita, não há-de ser assim tão mau.
 


A juntar aos líquidos, as fibras. Agora é que eu vou estar na moda também. Sementes de linhaça na sopa? Sim senhora, assim será. Sopa duas vezes por dia, consegue? Vou conseguir... Assim consiga eu ter tempo para as fazer :)

Podia ser pior, certo? Podia, por exemplo, sugerir-me não pôr a manteiga na torrada!
Ai... é para cortar com a dita cuja? Ao pequeno-almoço só..? E também ao lanche! Hum...
Sim senhora! Sobreviverei, tenho a certeza.

Mas...  A altura do ano é ingrata para ajustar a dieta!!! Concordámos.
E ia jurar que, enquanto conversávamos, o cheiro a rabanadas e sonhos foi-se intensificando.
Arranjámos um compromisso (é sempre possível, eu sabia!). O Natal vai  poder apoderar-se de mim à mesa, mas com algumas alterações, face a anos anteriores:

1. O prato da sobremesa vai levar um bocadinho de cada doce e não será recarregado!
2. Pasme-se! Posso comer tronco de Natal ao pequeno almoço! Yupiiii. Foi uma negociação perfeita esta! Nada como uma dietista sensível à quadra natalícia :)
3. Posso deliciar-me com o bacalhau espiritual, os sonhos de abóbora e tal, mas não devo levar a marmita dos restos para casa... Opá... Não sei, não sei... dá-me tanto jeito largar a cozinha uns dias...
 
 
Um, dois, três. O combate começou.
No final de Janeiro conversamos.



quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Duas meninas

Podia falar sobre muita coisa hoje. Nos aniversários pode-se sempre falar do que se quiser. E hoje completam-se dois meses de vida da Mel.
E não consigo arranjar um tema.

A minha filha cresce a cada dia e eu tenho a felicidade de a ajudar a aninhar-se neste mundo, todos os dias, todos os minutos. E é bom esta coisa de pormos alguém no mundo e podermos amá-la e orientá-la à nossa medida. Pelo menos, até um certo dia.

Vou falar então sobre esta coisa do amor. Por uma menina.
Quis muito uma menina. Quis muito. Algumas vezes, adormeci o sentimento em mim mesma, para não dar o alerta à ingratidão e à frustração. Afinal, eu queria um bebé para habitar a vida comigo, para sempre. Ia amá-lo incondicionalmente, sempre. Mas, quando a médica me desse o veredicto - "é um menino!" -, sei que ia sorrir por fora e por dentro, mas tinha muito medo de baixinho, baixinho, pensar que "a menina vem a seguir, para fazer companhia ao mano".

Quis muito uma menina. Mas se tivesse um menino, ia amá-lo igual. Tenho sempre necessidade de acrescentar isto, não vá a vida querer castigar-me por ter preferências para o meu primeiro rebento. Parece que não se pode pensar assim, que é feio.

Fez-me a vida a vontade (Obrigada vida! Obrigada!).
Dois meses de menina com menina.

Não passei pela fase do "nasceste mas acho que ainda não te amo". Amei-te logo, logo. As hormonas, neste campo, não tiveram qualquer hipótese. Mas, ainda assim, me questiono, algumas vezes, baixinho, baixinho, o que me levou a querer tanto ter uma menina neste início de vida de mãe.

Quando te visto as collants cor-de-rosa, que selecionei para fazerem pendant com o vestido de finas florinhas e o gorrinho de crochet, penso que é por isso. Revivalismos de menina quando vestia as suas bonecas. Será? Todas as meninas sonham ter um dia no colo uma bonequinha que realmente respire, chore, fale e sorria?

E os meninos, sonham ter meninos para poderem jogar à bola e brincar novamente com carrinhos sem parecer mal?

Tem que haver mais qualquer coisa.

Quando paramos no tempo a olhar uma para a outra, tu à procura do soninho, eu à espera que adormeças, penso na cumplicidade que espero que venhamos a ter, afinal, somos duas meninas, com 33 anos de diferença apenas. Acho que nos podemos entender bem nas meninices. Sei brincar às cozinhas, perceber a urgência de um totó no cabelo, apreciar uma saia com folhinhos, suportar o cor-de-rosa como cor dominante... Então, tem tudo a ver com nívies de segurança mínimos para começar esta aventura?

Deve haver mais qualquer coisa.
Mas também não interessa muito. Ou nada.
Esta coisa do amor nâo tem  que ter conclusões.
É amor pronto.
Neste caso, de uma menina por uma menina.








sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Isto está a correr bem

Há várias coisas que me indicam que esta coisa de ser mãe está a correr como deve ser. Todos os dias me surgem confirmações daqui e dali. Eis algumas de que me lembro...


Abandonei o lugar do pendura (quando não sou eu a motorista) para me instalar ao lado do ovinho e ir olhando de minuto a minuto a minha bebé, mesmo que ela esteja a dormir profundamente e sem "guinchar"

Vejo muito mais potenciais maus condutores na estrada, prontos para bater no meu carro, justamente no lado da bebé e, por isso, vou fazendo "aiii" e "ezzzttt" com grande frequência

Parecia-me impossível tomar banho quando não estivesse mais algum "fiscal" em casa. Passado um mês, já o faço com relativo à vontade, chegando mesmo a pôr cremes nas "calmas". Sem stress :)

Olho para a minha menina, sorrio e digo-lhe que é a coisa mais linda da minha vida, dezenas de vezes por dia, sem me cansar

Cá em casa fala-se bebezês a maior parte do tempo, às vezes, até só entre adultos

Invento canções de embalar com letras que até tenho vergonha de repetir ao pé de alguém com mais do dois meses de idade!

Estou realmente convencida de que é linda e que este julgamento é imparcial, nada tem a ver com o facto de ser minha filha. É linda mesmo, pronto!

Fui rude com uma senhora que tentava fazer-lhe festas numa clínica. Depois arrependi-me e percebi que podia ter feito o mesmo, mas mais subtilmente (esta coisa das hormonas também não ajuda!). De qualquer das formas, se já era refilona, agora sei que vou contra o que for preciso para defender a minha cria!

Faço filmes com a Mel a dormir, daqueles que só uma mãe acha graça em rever

Festejo a "chegada" de cocós  e a saída de "puns". E falo sobre o assunto com outras pessoas que podem não estar sensibilizadas para o assunto.

Domino a arte da preparação do biberon

Consigo comer só com uma mão, bem como executar outras tarefas domésticas, deixando a restante disponível para pegar a menina ao colo

Já percebi que o mundo não acaba de cada vez que ela se engasga

Já sei distinguir os vários tipos de choro - o da fome, o da fralda suja, o do sono, o de tudo e nada - , com um grau satisfatório de sucesso

Consigo deixá-la chorar alguns minutos sozinha (quando o choro não é, de facto, muito esgoelado!) sem correr a dar-lhe colo

Consigo estar até cerca de quatro horas sem ela, para tratar de assuntos mesmo importantes e urgentes

Já penso no dia em que vou ter que a mudar para o quarto dela e acho que já consigo perceber o sentimento dos pais quando um filho emigra.

                                                                                                                                           [Continua...]



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sopinha ao lanche também faz bem

9h30
Abro os olhos a custo, parece-me sempre que ficava a dormir a manhã toda, se me deixassem. E eu que nunca fui dorminhoca.
A Inês pede leitinho, e eu dou-lhe. Mudo-lhe a fralda e aguardo que durma. Faço, entretanto, mentalmente, o plano para as horas seguintes. Tomar o pequeno-almoço, arrumar a loiça da máquina e organizar algumas na cozinha, que ficaram pendentes do dia anterior, tratar dos biberons, tirar qualquer coisa para o almoço e para o jantar, fazer as camas, lavar e vestir, estender a roupa e preparar a próxima máquina...

Inês de olhinhos fechados? Sinal  de partida, está a contar.
Leite, paio, manteiga, pão, torradeira na mesa... O que é isto? A Inês já chora?
Como à pressa, tentando sempre fingir que não oiço o chorinho, que é só de sono e não de dor.
No último gole de leite, já me estou a levantar. Vou acudir a urgência.

11h30
Ainda não consegui fazer nada do que planeei.
A Inês insiste em olhar-me de olho arregalado, aconchegada no meu colo quentinho. Eu gostava muito que voltasse a dormir para me poder despachar mas, ao mesmo tempo, perco-me a pensar em como não há nada mais importante do que estar ali. 

12h30
Inês pede leitinho. A mãe dá leitinho outra vez. E pensa: Ok, vou fazer sopa para o almoço e os bifes de frango para o jantar. Que desenrascada, ainda ouso pensar, convencida de que, a seguir, já com a barriguinha cheia, a Inês vai entender que tem que dormir sozinha para a mãe conseguir fazer as coisas normais da casa e, em concreto, despachar o almocinho, que já se faz tarde.
Mas não.

15h00
A cozinha está em condições de começar a fazer a sopa. O jantar já está temperado, os biberons impecáveis. Os legumes na bancada, à espera da sua hora. 

16h00
A sopa está no prato. Vou almoçar. Rápido, que daí a meia hora, a Inês precisa de "lanchar".

17h30
Vesti-me. Estendi a roupa. Puxei as orelhas às camas. Liguei o computador e vim escrever para o meu blogue, sobre esta dificuldade que é, às vezes, conseguir levar a cabo um conjunto de tarefas relativamente simples e rápidas de realizar. 

O tempo passou a ser muito mais exigente comigo. E eu acho bem.
Agora tenho que ser muito mais focada naquilo que quero fazer, muito mais mais objectiva, muito mais prática, muito mais flexível e muito mais eficaz.

E também menos dramática. Se ainda não deu para arrumar a roupa que está  passada desde a semana passada à espera de voltar às gavetas, é porque ainda não era para ser hoje. 
Pronto.
Amanhã também é dia. 




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Doze badaladas, Cinderela!



Não sei quem está a proteger quem, se sou eu que a protejo, se é ela que me protege.
Lembro-me de pensar várias vezes isto durante a gravidez. Não apanhei uma constipação, as crises alérgicas hibernaram e não houve maleita de relevo que me pegasse durante 38 semanas.

A esta "paz" clínica, juntaram-se outras coisas boas... Algumas inesperadas, como o facto dos pêlos crescerem infinitamente mais devagar - por esta não esperava mesmo, alguém sabia disto!?
A barriga cresceu, arredondada, e o resto do corpo harmonizou-se. "Que grávida tão bonita!", ouvi isto dezenas de vezes. E concordava, o que é ainda mais surpreendente. A felicidade que vem de dentro, com muita força, transparece cá para fora, isto já eu tinha constatado. 
E o cabelo? Brilhava.
E a pele? Reluzente.
A relação de uma grávida com o corpo muda extraordinariamente. Ficamos realmente mais bonitas, ou é só a felicidade que nos coloca filtros? Ou é só a felicidade que nos tira os filtros?

O efeito Cinderela terminou.
Ainda deu para chegar a casa na carruagem engalanada mas, duas (terão sido três?) semanas depois, o relógio deu as doze badaladas. 


É estranho perceber como, a seguir ao parto, ainda o corpo não tem as comunicações actualizadas. A mão ainda acaricia a barriga com aquela ternura, mesmo que o bebé esteja ali ao lado a dizer-nos: Já não estou aíííí! E não é que parece que algo ainda mexe lá dentro?

Nestas primeiras horas, ou dias, as feridas da "guerra" contam pouco, tomam-se os comprimidos que há a tomar, faz-se o repouso que há a fazer, vive-se o que há a viver, com as novas regras.

"Sobrou isto?", pensei para mim na primeira vez em que me olhei ao espelho, com olhos de ver. Sentia-me magra. Magríssima. Sentia, sobretudo falta da minha barriga.

Umas semanas depois, a Cinderela voltou à cozinha.
Já sem a barriga redondinha dos pontapés, já com o cabelo estragadito, sem brilho, sem jeito e a cair pela casa, já com a pele menos reluzente, já com as formas a pedir harmonia.

As roupas ficaram largas. Arrumo o calção de ganga de grávida, preparo-o para devolver, e custa-me. Que raio. Visto as leggings de grávida e dobro a cinta para baixo, fica ridículo, mas dá-me aconchego à alma. Que raio. As roupas "normais" ainda não me aceitaram. Que raio. Não tenho nada para vestir. Preciso voltar a minha forma habitual. Afinal, não estou magríssima. 

Mudei foi de conto de fadas e agora sou a bruxa má que faz perguntas escusadas ao espelho :)






segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O fim do mundo em cuecas

Amanheceu mas parece que não dormi nada ou, pelo menos, que não descansei.
De três em três horas o "relogiozinho" toca religiosamente, que é como quem diz, a Inês faz aquele barulhinho delicado de gatinha. Está a chorar, tem fome. Levantar, leitinho, deitar e dormir. 

Estamos em casa.
Estamos em casa? Ó meu Deus, estamos em casa. Agora o pequeno-almoço já não vem ter à cama pela mão da auxiliar, temos que planear e fazer o almoço e o jantar, fazer compras, tratar das roupas,  arrumar e limpar a casa... A tratar sozinhos da Inês. Será que sabemos fazer tudo como deve ser a esta pessoa pequenina e frágil que saiu da minha barriga ainda agora? 
Estou com dores, limitada fisicamente. A cabeça? A cabeça está um caos.
É o fim do mundo em cuecas.


(Mas eu não passei quase nove meses a organizar tudo?)


 - Telefona à tua mãe.
 - Queres que ela venha cá hoje?
 - Não, quero que ela venha e durma cá hoje! Precisamos de ajuda!

É importante dar o grito. 
Pedir ajuda e saber aceitá-la.
Chorar se for preciso. Claro que é preciso.
As hormonas não perdoam. 

Passou um mês sobre o fim do mundo e sobrevivemos. Naquele dia não parecia ser possível. 
A Inês tornou-se uma princesa. Tomou conta do castelo.
Nós tornámo-nos pais. Agora também nós sabemos o que é esta coisa de gostar de um filho. Sabemos mas nem por isso conseguimos explicar esta dimensão de sentimento, sem fronteira, irracional.

Perguntam-me, muitas vezes, como está a ser. 
"Está a ser maravilhoso e caótico". Como, de resto, tem que ser.



terça-feira, 10 de setembro de 2013

O beijo do bebé: Mel e agulhas

Não recordo como foi o primeiro segundo. Nem o segundo, muito menos o terceiro. Diluiram-se na emoção do momento. Não fiquei logo de rastos.

O parto foi lindo. Anestesia. Um bocadinho. Agarro a mão macia da anestesista, a minha mais recente amiga e companheira e erguem-te ao nível dos meus olhos. As tuas mãozinhas minúsculas cumprimentam-se uma à outra, sofregas de vida, e choras. Sinto-te na minha vida. Mais um bocadinho e põem-te ao lado da minha bochecha: Dá um beijinho à mãe, dá!

O melhor beijo da minha vida. O quentinho da minha bebé na minha cara. A minha bebé, na minha bochecha. Quentinha.

Pergunto, com um espírito de colaboração algo estranho: Posso chorar?
Pooooode....
E caem-me as lágrimas instantaneamente, tão quentes. Como o beijo da minha menina.
Chorar de felicidade talvez seja melhor ainda do que rir.

Um bocadinho passa. E outro. E outros tantos. Os níveis de açucar estão a ser controlados. Lá longe, numa sala que não sei onde é, está a minha menina do beijo quentinho, que já não quero deixar de ver. Que já só quero ver e que não há meio de chegar. A quem quero dar de mamar. Muito, quero muito.

Não me recordo como foi o primeiro segundo em que tentaste encontrar, com um instinto natural e a desenvoltura de uma menina grande, consolo no meu peito. Nem do segundo, muito menos do terceiro. Talvez nesses primeiros minutos o romantismo de tudo o que vivíamos juntos - eu, tu e o pai - tenha sido suficiente para esconder as agulhas. Talvez.

Mas eram muitas. Tantas. Ou seriam poucas, mas muito afiadas? Seria sempre a mesma, que passava de um peito para o outro, mais veloz que uma pantera, para estar sempre lá, sempre que a minha bebé queria mamar, sempre que eu queria amamentar?

Isto é normal sra. enfermeira? Dói tanto.
Isto é normal doutora? É insuportável. Parecem agulhas fininhas a entrar, e a sair, a entrar, e a sair... a entrar...

Escorrem-me as lágrimas. Já não são quentes. Não têm temperatura porque o desespero não  merece graus certos. Olho para o tecto e respiro como posso. O B. beija-me, afaga-me os cabelos, a alma, cede-me o braço para morder, acredita comigo que tudo vai passar.
Não passa.

Mas quando passa doutora? Esta a ser muito doloroso.
Vai passar, vai passar, aguente mãe. Faça assim, faça assado, faça cozido. Aguente.
Com a subida do leite melhora. Com a subida do leite piora e depois melhora. É normal, todas passam por isto. Aguente. Aguente-se! Como é que está a fazer, deixe ver.
Faça assim, faça assado, faça cozido.
Mas, sobretudo aguente-se mãe! Faz parte!

Não aguento. Quero desistir.
As lágrimas não têm temperatura, nem cor, nem servem de nada. As agulhas, filhas da mãe, não se vão embora. Não é possível aguentar. Mas como aguentam as outras? Como? Sentem assim, estas filhas da mãe a massacrar o corpo e a alma?

Desistir. Não posso. As outras aguentaram. Quero lembrar-me das experiências más que me contaram sobre o acto romântico de amamentar. Quero-me comparar com elas. Quero alívio para esta culpa que me mata. Quero alívio para esta dor fininha, para este sofrimento refinado que as filhas da mãe das agulhas reservaram para mim.
Mas não encontro consolo na dor das outras. A dor delas, as que desistiram só mais tarde, mete quase sempre mamilos em sangue, bebés que bolsam leite com sangue - é normal, mãe, é normal, aguente, aguente-se! -, crostas assustadoras e outros horrores que, narrados, não podiam competir com as minhas agulhas. Simples agulhas. Simples?
Simples para quem?

Vou desistir doutora.
Não vai nada! Sabe que o leite materno...
Penso mas não digo em voz alta:
Sei, claro que sei. Se sei! Só por isso aguentei esta tortura tantas horas, tantos dias. Pareceram-me anos... Poupa-me. Não me martirizes mais. Cala-te. Sabes o que isto me custa? E não estou a falar só da dor fisica. Sabes o que esta decisão me rói a alma, impregnada de clichés, obviamente decidida a dar o leite mágico à sua menina, rendida ao romantismo do "beijo" do bebé no peito da mãe?
Sabes o que é uma mãe em construção a pôr em causa a capacidade de assumir a maternidade porque não aguentou um exército de agulhas, que, afinal, podem até ser só uma? Sabes? Cala-te.
Não me tortures porque só eu sei o que isto me está a doer. Tu és a médica, não me podes deixar desistir à primeira dificuldade, nem à segunda, nem à terceira. Sim, fazes bem. Mas não queiras ser cúmplice da derrota de uma menina que se está a consumir em dor. Não me julgues, não é esse o teu papel. Ajuda-me só.
E dá-me um beijinho.

Mais vale um biberon com muito amor do que uma mamada com dor.
Lembro-me da enfermeira. Da que disse isto e de outras que, entretanto, passam pelo quarto e me deixam conjuntos palavras, como resposta à minha alma nua e já roca.
Cada mulher tem o seu nível de tolerância à dor e sensibilidades diferentes, não tem que se culpabilizar se...
Amamentar não tem que ser um martírio. Os bebés crescem todos, mesmo sem o leite da mãe...E isso das doenças, nem sempre é como se diz, nada é garantido...
A maior causa de abandono da amamentação é a dor...

Mas...
Pois.
Enfrentar o exército não faz sentido quando não sobra bochecha para receber o teu beijinho quente, nem abraço tranquilo para te embalar no meu amor.

Quero beijinhos quentinhos e já está  na hora de te acordar e ver esse teu ritual delicioso a espreguiçares-te, minha princesa. Agora chamo-te assim e não acho lamechas.
És a minha princesa. E estou de guarda ao teu castelo. E digo-te mais, podem vir exércitos, que eu enfrento-os contigo e por ti.

Se for preciso, dou-lhes com os biberons que, entretanto, coloriram a cozinha da nossa casa.


sábado, 31 de agosto de 2013

O dia mais feliz da Anita Barriguda


*** Este post foi programado para sair no dia 31 de Agosto!

Cesariana: sem gritinhos, sem loucura?

*** Este post foi escrito a 30 de Agosto e programado para sair no dia seguinte! Mas algo não correu como planeado :) De qualquer das formas, aqui fica a minha visão da cesariana... antes de a fazer.


E, de repente, muita coisa muda. E não sabemos o que sentir.

A ideia do parto "normal", com tudo o que tem de selvagem e algo violento - a mulher que faz uma força fora do comum, que transpira, que grita, que sofre, que desespera -, é algo romântica. São as dores da "guerra", um "mal" necessário pelo qual as mulheres têm que passar para poderem receber a sua recompensa para a vida inteira. 

Depois, as imagens da televisão ajudam-nos a criar um ideário povoado de grávidas a respirar ao compasso das contracções, cada vez mais fortes e insuportáveis, a conversa dos profissionais de saúde que discutem os dedos de dilatação, se sai mais uma dose de epidural, se se dá ordem para fazer força ou para aguardar mais um pouco...

E, de repente, muita coisa muda.
A menina está sentada e de perna esticada, Ana. Noventa e cinco por cento dos bebés, por esta altura, já se viraram, é muito difícil que a bebé ainda se vire. Tem que pensar que pode ter que fazer cesariana. 
Cesariana? 

Sem força? Sem respiração ofegante? Sem transpiração? Não aperto a mão do pai, com medo de lhe partir os ossinhos? Não há gritinhos, descontrolo físico? Loucura, não há loucura? Surpresa: será hoje, amanhã, depois de amanhã?

Planeado e silencioso. Descontraído. E uma cicatriz como marca de guerra. Ao menos que seja discreta.

Algo estranha esta sensação de quase lamentar não ter que passar por um processo de parto natural que, apesar de ter mais vantagens para mãe e filho a vários níveis, é, à partida, mais sofrido.
Os dias ajudam a digerir e, claro, a pôr para segundo plano, inquietações ou sentimentos que só merecem andar por aqui um tempo muito limitado. Afinal de contas, o que interessa é o que sempre interessou: que a bebé nasça saudável, em condições de segurança, e que eu, já agora, "sobreviva" (expressão aceitável nesta minha fase de gravidez, vá!) em iguais circunstâncias. 

Vai correr tudo bem. Eu sei.
Mães que vão fazer a mesma viagem, vai correr tudo bem. Eu sei.
Até já! :)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A minha viagem em fotografias #4#

A versão "Valeu muito a pena"

Publico tantas fotos e penso no que me deu para fazer isto. Dediquei-me horas a pousar para as fotografias. Outras tantas tinham passado a pensar na sessão, em ideias, em acessórios, se teria paciência, se haveria tempo...
E depois de as fazer, e de me ter divertido imenso e de ter adorado o resultado... Partilhei na rede. E acho que isto é o que me espanta ainda mais. Não será demais? Depois arrependes-te de tanta exposição. Olha que uma vez publicado, nunca mais são só tuas.



Sempre que procurei encontrar resposta a este meu arrojo inusitado, encontrei a mesma justificação. Simples. "Estás feliz Ana, haverá consequências nefastas em partilhá-la com os amigos e uma quantidade infinita de desconhecidos?". 
Sendo assim, encerro esta inquietação por aqui. Não é tempo de me preocupar, só de aproveitar o momento.
Em quantas alturas da vida nos permitimos a este luxo, realmente?



A minha viagem em fotografias #3#

Versão "Ok, algumas mais tradicionais para constar no portefólio"

Questões difíceis de responder....




Praia do Meco - 20h30

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A minha viagem em fotografias #2#


Versão "Estas, se calhar, não se publicam, não achas?"

Lá está o que eu dizia neste post . A minha tendência é para posturas poucos sérias, brincalhonas. Sai-me mais facilmente :)
A nossa sessão de fotografias em espaço aberto durou cerca de quatro horas, não podia dispensar momentos de descompressão. Era impossível!


Eu medito mesmo muuuiitoooo. Já tenho os dedos colados, Lúcia!

Olha, e se agora, fizéssemos uma assim? Só naquela....

O pormenor dos dedos das mãos...Deve haver uma explicação hormonal para isto....


Uma experiência do além

Confesso: foi o nosso primeiro encontro nestes 32 anos. Pelo menos, na primeira pessoa, do princípio ao fim, foi.

O sabão azul e branco - que, na verdade, é amarelo, da Clarim, mas penso que vai dar ao mesmo! - entrou na minha vida por causa da Inês, e já mesmo na recta final, uma vez que não justifcava fazer uma máquina de roupa por duas ou três coisitas que surgiram à última da hora. 

O que uma mãe faz por uma filha, é caso para dizer :)

Bem, o certo é que até tinha curiosidade em experimentar o "produto maravilha", afinal de contas, tão endeusado ao longo das décadas pelas gerações mais velhas e que pouco atrai os mais novos, inundados com detergentes em pó ou líquidos e amaciadores com cheiros que mais parecem perfumes!

E, então, cá vai a conclusão:

1. Faz tantaaaa espuminha!
2. O cheiro é aquela coisa, que nem é bom, nem deixa de ser, escapa...
3. Se calhar exagerei, custou um bocadinho a sair e a fazer o enxaguamento como deve ser...
4. Terminada a tarefa, pu-lo ali a secar na varanda, qual relíquia, qual símbolo da minha maturidade feminina, agora que já sou mãe, agora que já sei o que é lavar roupa à mão com sabão azul e branco (por acaso; amarelo...)
5. Tenho esperança que esta minha incursão pelo universo doméstico antigo me leve a aperfeiçoar outras técnicas que ainda não correm bem neste campo, como passar a ferro as camisas. Sabe-se lá!







sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O tempo a voltar




Hoje penso no tempo. No que passou, no que aí vem.
No que está tão perto.
Há muito tempo que o tempo não fazia tanto sentido.
E é bom o tempo voltar a ter tanta importância.
Não tem sido fácil nos últimos anos tomar as rédeas do tempo. Foi preciso coragem.
Agora, o resultado.
Resultou. Já resultou.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Barriguda e com nódoas, fazer o quê?

Coisas que uma mulher aprende ao longo de uma gravidez




A dar mais valor a quem se vê confrontado, temporária ou definitivamente, com um peso desajustado ao corpo

Uma pessoa fica cansada com pouco. Sente-se, por vezes, inútil e ridícula. A dificuldade de mobilidade impede-nos de fazer coisas chatas - como limpar os rodapés com o pano, tirar aquele cotão... -, mas também coisas que gostamos e que fazem falta -  como caminhar, levantar num instante para ver um golfinho a saltar no mar, pintar as unhas dos pés, calçar umas sandálias com fivelas...

 As barrigas grandes atraem nódoas mais facilmente, sim senhora

Uma pessoa goza, goza muuiiitooo. Até ao dia em que a tem. Comprovei, sobretudo nos ùltimos três meses, que é verdade que esta coisa de ter uma barriga proeminente é um verdadeiro paraíso para molhos ou qualquer outro tipo de líquido. Não há grande volta a dar, por mais cuidados que se tenha, cai sempre uma pinga algures. E o pior é que nem sempre dou logo por ela, porque o ângulo de visão é algo limitado.

A saborear o abraço

Abraçar é bom. Com mais, ou menos vigor, com mais ou menos intimidade (quando há pouca, evita-se!). Aqueles que se dão aqui em casa, andam comprometidos há tempos. É impossível encaixar esta barriga de frente numa outra! Só a parte da frente desta bolinha de futebol é que tem direito a um contacto como deve ser. E acho mal. Por vezes, ensaio um abraço "de ladex", ou seja, com a barriga de lado. Disfarça, mas não é a mesma coisa, convenhamos! Por isso, já fiz a promessa pós-parto: "Vou-te dar um abraço como deve ser!". :)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A minha viagem em fotografias # 1#


Tanta coisa muda.

Solar dos Zagallos

Eu sempre gostei de fotografia mas sou pouco dada a cliques em "causa pròpria", com hora marcada e objectivo definido. Acho-me pouco fotogénica, não sei fazer cara séria - as fotografias tipo passe são sempre um suplício! - e quase sempre resvalo para as posturas cómicas!
Bem, as coisas mudam. Ás vezes.




Ouvi muitas vezes as queixas de quem já esteve grávida: "Olha, não deixes para o fim, como eu, que depois acabas por não fazer!". "Olha, eu não fiz sessão fotográfica e tive muita pena depois, porque é uma fase única e dá muitas saudades".
Magia! Também eu, à medida que a gravidez foi evoluindo, ganhei a vontade de registar esta fase maravilhosa em fotografias. A memória vai-nos traindo ao longo dos tempos, por mais que queiramos guardar tudo o que realmente importa. E a fotografia é, sem dúvida, uma excelente forma de deixar "gravada" esta viagem - a maior e mais importante de todas -, porque consegue transmitir as emoções que  fui arrumando em mim ao longo dos tempos, aquelas que senti no momento e as do futuro próximo que vai mudar tudo.


Nunca é demais. Obrigada Lucia por estes momentos. Para além de uma tarde super divertida e cheia de adrenalina (xiuuuuu, a felicidade não cansa!), o resultado está à vista: maravilhoso :)

Mexeu-se! Já a reclamar protagonismo, impressionante...!



terça-feira, 20 de agosto de 2013

Aquela sensação de que o tempo vai deixar de existir



Sabem aquela sensação de "quero tudo arrumado JÁ e sempre porque, amanhã, sei lá eu onde é que estou?"

Sabem aquela sensação de "tenho que fazer tudo, tudo agora, porque nunca mais vou ter tempo para fazer 
nada na vida porque, Oh God, vou ser mãe, vou ter um bebé cá em casa e a minha vida vai-se resumir a ele?"

Sabem aquela sensação de "se pudesse fazia já as refeições todas do Inverno e congelava, limpava as casas-de-banho 30 vezes e estendia as máquinas de roupa todas e deixava ja tudo passado e arrumado porque depois... Oh God! Vou ser mãe, e não vou ter tempo para mais nada..."

Sabem aquela sensação de "fazemos já um avio para três ou quatro meses, porque depois pode não dar jeito ir ao supermercado, o problema são os frescos...?"

Sabem aquela sensação de "nunca mais vou ter tempo para coisas de adultos, como é que me vou adaptar à minha nova vida, vou ser capaz de falar como um adulto quando estiver no meio deles?"


Com 36 semanas, esta sensação agudiza-se. Não há resposta apaziguadora possível. É a vida à minha frente. Um parto pela frente. Uma pessoa tâo pequenina que eu vou trazer ao mundo.

É uma sensação sem igual. 


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A mala da pingenta pink




Fazer a mala para alguém que vai conhecer o mundo onde vai viver o resto dos seus dias...
Os pais que a conceberam e amaram desde o primeiro momento...
Não é uma tarefa qualquer...
Convenhamos, dá alguns nervos, sentido de reponsabilidade, com felicidade à mistura.  

Muitas mais malas vou fazer para a Inês ao longo da vida.
Para ir passear, fazer visitas, ficar em casa de familiares e amigos... Até ao dia em que será ela própria a fazê-la, a decidir o que quer lá dentro, para onde vai e com quem vai.

Deixa-me regressar a este momento. 
Este onde ainda te espero, minha "pingenta" pink. Pequenina e cheirosinha. Macia e linda.
É assim que te imagino. E os meus olhos vão-te ver assim porque o coração sente-te a coisa melhor do mundo.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O Chá da minha menina

Praia da Vierinha, o  meu mar e o meu ar. Respirável e transitável, apesar de ser Agosto. Banhos salgados, areia fofa. E depois Porto Covo, choco frito, turistas de cara feliz, cheiros de férias e de sol.  What else?
Chegámos a casa já a meio da tarde - não estivesse o B. encarrregue de fazer com que aparecesse só depois de estar tudo pronto! - e... os amigos e a família e um quintal preparado para uma festa de boas-vindas à minha menina. Não é preciso estar grávida para dar o devido valor a uma coisa assim. Pois não?

 
 


Confesso que gosto disto: dos amigos e família reunidos, da celebração do que é importante ao pé daqueles que percebem o sentido das coisas no momento em que as estamos a viver. São mimos especiais, que combinam em tudo com a chegada de uma bebé muito desejada.
A festa não podia estar mais bonita e deliciosa, não fosse a minha mana a manda-chuva :) Os doces, só por si, aquela maravilha dos deuses, até combinavam com a decoração do ambiente. Vejam bem o luxo! Rosa, castanho e branco, brilhantes por toda a parte, mochos, bolinhas e riscas, bandeirolas e balões!

  

Por entre mergulhos frescos, risadas, fotografias e brincadeiras, também houve, como não podia deixar de ser num Chá de Bebé, uma certa pedagogia! E neste campo, atribuo, desde já, uma medalha de mérito ao B., por ter na ponta da língua a resposta a muitas questões deste novo mundo e por saber mudar a fralda como manda a lei :)
A vocês todos, os que se esforçaram para proporcionar momentos tão bons e contribuiram para ficar ainda mais feliz e confiante para o que aí vem, um abraço gigante. Mesmo muito grande. E apertado. 

Bem, se é apertar, deixamos para Outubro, que aí já posso usar de toda a minha força e agilidade física!

 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Malas para a maternidde: O pai já fez a sua?

Sem se conhecerem, sem se combinarem, parecem-me todas iguais. Chegam redondinhas, quase todas com os mimos centrados  na barriga. Umas acariciam-na, outras "passam a vistoria" sem se aperceberem, outras suportam-na com a mão, a denunciar o peso incómodo, outras perdem-se num sorriso ao ver as ondinhas que vão surgindo: o bebé quer conversar! Outras ainda olham de forma cúmplice para baixo, algumas em sintonia com o pai, que as acompanha ao Curso de Preparação para o Parto.

Todas com dúvidas, todas a quererem saber mais, todas à procura de segurança para o que aí vem. Sabemos que é tão pequenino, tão indefeso, supostamente tão controlável por nós, adultas, responsáveis, mas... temos todas medo de não estar à altura de tratar a pessoa que vamos pôr no mundo não tarda nada. Nem é preciso dizê-lo.

Passando à parte prática da vida. E algo cómica. Pensando bem, nem sei se esta é a parte prática do post ou do curso, se pensarmos que aqui há uns 30 anos, ninguém ligava nada a isto...

AS MALAS PARA LEVAR PARA A MATERNIDADE

São três. Começo pela mais engraçada:


A Mala do Pai
Ahahaha! Pois é, eles também podem e devem preparar a sua pochete!A dita cuja deverá incluir:

1. Máquina fotográfica e carregador
2. Livro/Revistas para se entreterem, "porque, às vezes, o parto pode ser demorado e sempre passam melhor o tempo"
3. Água (ok, tudo bem), bolachas (esta acrescentei eu no meu caderninho) e rebuçados para dar à mãe enquanto espera, "porque vai-lhe saber bem!"
4. Por fim, mas também muito boa, uma t-shirt, "porque a mãe pode vomitar e assim já vai prevenido". Acrescentaria aqui, uma t-shirt extra também para a mãe, para o caso, de ser o pai a vomitar com os nervos mas... não quero ser pessimista :)



A Mala da Mãe
O assunto agora é sério. Esta é a lista pedida num hospital público, o Garcia da Orta (e nunca é demais dizer que nesta orta, não há "h's")

1. Pensos higiénicos para fluxo muito abundante
2. Cuecas descartáveis ou de algodão (6). São preferíveis as primeiras porque é muito provável que se sujem e depois é constrangedor estar a pedir a x ou y para tratar do assunto, caso a própria não o possa fazer!
3. Soutiens de amamentação (2/3) + discos de amamentação
4. Camisas de dormir ou pijamas abertos à frente (3) para facilitar a amamentação
5. Toalhitas: o hospital utiliza compressas com água para o caso da mãe não levar
6. Fraldas: "Em princípio não é necessário levar mas nunca se sabe se há ruputura de stock no hospital...". Pois, para bom entendedor...
7. Toalhão de banho + toalha de rosto
8. Necessaire com produtos básicos e pessoais de higiene
9. Elástico para o cabelo, "porque os bebés têm tendência a puxá-los"
10. Chinelos de quarto/banho

A Mala do Baby
1. Fraldas de pano (3): servem para várias coisas, como limpar os bolçados, tornar discreta a amamentação,  proteger a criança quando sair para a rua, inclusivamente, "de todos os que lhe querem mexer" (esta é boa!)...
2. Fraldas descartáveis e toalhitas
3. Mudas de roupa completas (3/4), sem esquecer as meias e os gorrinhos de algodão, visto que os pés e a cabeça são os sitios por onde os bebés mais perdem calor. Retirar etiquetas, levar tudo lavado e passado. Ah, pode-se colocar amaciador na roupa, desde que seja adequado.
É conveniente separar uma muda completa de roupa e colocar num saquinho à parte, para levar para a sala de partos, uma vez que a mala fica numa outra ala e, portanto, inacessível a hora da verdade :P
4. Toalha de banho
5. Manta
6. Os produtos de higiene e hidratação do bebé. O importante é que sejam adequados, tenham vitamina A, sem perfumes
7. Documentos pessoais, incluindo, boletim de grávida e todos os exames feitos até à data durante a gravidez
8. O Garcia da Orta é "Amigo dos Bebés", pelo que as chuchas não entram :P

Até à próxima aula!




quarta-feira, 31 de julho de 2013

A ecografia dos três minutos - Já fizeram?

"A minha ecografia do terceiro trimestre durou três minutos". Um por cada trimestre. 

Aahahah. Se me contassem, não acreditava. Atribuíria o exagero da afirmação às hormonas da grávida, à ansiedade que faz parecer uma eternidade num momento. Mas o que fazer se experienciei a situação na primeira pessoa?

Peguei na credencial do SNS, pela primeira vez em toda a gravidez, e decidi utilizá-la, para ver a Mel outra vez, para ver o que cresceu desde a semana passada, saber o percentil, para acalmar o espírito, para sorrir. Achei que não valia a pena dizer ao médico que aquela eco era, sobretudo, para avaliar o crescimento, poderia dar azo a conversas por parte do médico - há quem ache que deve julgar os utentes como se fosse dono do sistema, e eu ando com pouca disposição para combates, não agora, deixem-me "desovar" primeiro, depois falamos de igual para igual - e poupei-nos. 

Desde que entrei na sala, até sair, passaram cerca de três minutos.
Desde que entrei na sala até sair, passaram cerca de três minutos.

Duas vezes para que não pensem que não li o que escrevi. Aconteceu assim:
 - Ana, sabe qual é a data do parto?
 - Qual é a data da ultima menstruação?
...

Ecógrafo na barriga: passam alguns segundos e começa a debitar quatro ou cinco medidas à auxiliar (que as aponta num papel), de partes do corpo que já tinha medido e observações que havia feito... Naqueles escassos segundos.

[Familiarizada que estou às lides ecográficas, sorri quando vi a cara da menina, mas não consegui sensibilizar o médico, que continuou remetido ao silêncio].

Retira o ecógrafo e pergunta: "Já sabes o que é, ou queres que te diga?". Sim, ao que parece somos amigos ou da família, pelo tratamento informal que deu à pergunta. Limpou-me a barriga. Saí.

Aguardei cinco minutos na sala de espera e trouxe o relatório.
O dito cujo tem tantos items avaliados que, de imediato, olhei para cima para confirmar se era o meu nome, se era a minha ecografia, se seria a Mel ali analisada, se aquele seria o médico Speedy Gonzalez que havia colocada o ecógrafo dois minutos na minha barriga há momentos.
Aparentemente sim. 

Saí de lá com a satisfação de um percentil 50, maior do que a semana passada :)

E também a pensar... no tratamento que daria a toda esta situação se não estivesse grávida e, consequentemente, com espírito para gastar energias com coisas que me parecem es-can-da-lo-sas. Isto é escandaloso. Não encontro outro adjectivo.

Por mais profissional que o médico seja, avalia-se o crânio, os ventrículos cerebrais, a fossa posterior, o diafragma, o trato gastro-intestinal, os membros superiores, a parede abdmominal, quatro cavidades cardíacas, a saída dos grandes vasos, pulmões, os genitais externos, os mesmbors inferiores, o cordão umbilical, os rins, a bexiga, a face e a coluna... EM DOIS MINUTOS de ecografia?

Convençam-me disso, mas demorem algum tempo, porque não vou acreditar facilmente que tudo isto não passa de um laxismo gritante, de falta de profissionalismo de um médico que se demitiu de o ser, pelo menos, na sua plenitude. É bom não esquecer que o médico nunca me viu na vida, não seguiu a minha gravidez ou teve acesso a exames anteriores! 

E é bom não esquecer que o dito cujo não proferiu uma frase explicativa do que visualizava no ecran! Uma! As ecografias são actos médicos fundamentais mas, a parte emocional para a grávida também deve ser levada em conta! Custava alguma coisa dizer "aqui é a cara, aquilo que vê a piscar é o coração, aqui é a perna, a mão... está tudo bem e até à próxima"? Será que não ganha para isso? Será que prejudica a sua concentração e posterior avaliação do bebé?

Se não tivesse termo comparativo, poderia ser branda nesta apreciação, mas tenho. E, por isso, não o posso ser.

Nunca fiz uma ecografia que durasse menos de dez minutos, e as do trimestre, não terão durado menos de 20/30 minutos. Com direito a explicação sumária do que o pai e a mãe procuravam adivinhar avidamente, de olhos brilhantes colados ao écran, com direito a avaliações demoradas, com insistências para ver como deve ser este ou o outro pormenor, com passagem real por todas as partes em análise naquele momento da gravidez. 

Será que tudo isto se explica no binómio: 
Exame feito com credencial SNS - Exame particular com seguro de saúde?

Não quero acreditar. Há profissionais óptimos no SNS. E também há condições óptimas no SNS, nalguns sectores, nalgumas organizações, nalguns dias... É como tudo. Assim, vou ficar para mim com a convicção de que aquele médico é que não é um bom profissional, não é merecedor do SNS, é uma ovelha ranhosa do rebanho. 
E uma ovelha não faz o rebanho.



quinta-feira, 25 de julho de 2013

As 8 semanas que faltam


Estou a precisar de me questionar. De fazer um balanço. De me preparar para o que aí vem.
Sai mais um questionário da Inês Mel à sua jovem e linda mãe, sff :)

"Mãe, como é que te sentias às 32 semanas?"

Mãe, antes de mais, estás com um semblante (ah ah, quando é que ela vai saber o siginificado desta palavra?) esquisito hoje. Que se passa?
Estou encalorada, está abafado. Estou cansada, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos últimos tempos, mesmo que não faça nada de especial. Estou meia apreensiva, meia ansiosa, meio... Já são muitas metades para uma só pessoa...

Nesta fase do campeonato - 32 semanas - o que é que mais te preocupa?
Ui, desde a semana passada que fui atacada pela designada fúria da grávida. Deu-me a pressa para ter tudo despachado. Não é que ache mal e que ainda falte muito tempo, porque, de facto, não falta. Mas ainda não me tinha sentido stressada assim. Ainda não tinha faltado tão pouco tempo assim...
O soutien de amamentação, os discos de aleitamento, a mala da Inês, a minha mala, a primeira roupinha, está tudo lavado e passado, o varão, o cortinado, os tecidos para forrar as almofadas, o ovinho, a casa está em condições para se tiver que largar de um momento para o outro...? Tantas pequenas coisas, tudo tão importante. Na minha cabeça.
Mas o que mais me enche o espírito hoje é o dito percentil: "Ela é pequenina Ana, não em comprimento, mas é magrinha, a barriga é magrinha, vamos ver como cresce daqui para a frente!". Um quilo e setecentas parece-me tão jeitoso. Bem, já cometi o crime: li coisas na Internet; e estou mais descansada (também acontece!). Não é um peso preocupante, a qualquer momento pode dar um "saltito" bom, são estimativas, não certezas, o que interessa é a saúde e o bem estar fetal e esse, está bom :)

Como é te sentes em relação ao parto, nesta fase?
Quase íntimos! Penso muito nele já! :) Já não é uma coisa que vai acontecer daqui a meses. Vai acontecer, em pouco mais de um mês. E um mês passa a correr! Vou saber respirar? Vai demorar muitas horas? Vou saber reconhecer os sinais para ir para o hospital, vou chegar a tempo? (Não B. nao vais ser o parteiro numa beira de estrada :)) Vai correr tudo bem? E depois; vou conseguir dar de mamar logo?

Já passou tanto tempo, o que é de melhor ficou até agora?
Muitas coisas. A minha gravidez, por circunstâncias da vida que nunca imaginei, foi feita em casa, sem actividade profissional para conciliar, com muito descanso e total dedicação. Pude vivê-la com a felicidade que ela merece, sem interferências laborais ou preocupações do mundo lá fora. Não deixei, não quis, fiz bem. Quem tinha que se aproximar, aproximou-se, acompanhou-me, fortaleceram-se laços e criaram-se outros. Passei estes tempos com saúde, sem grandes incómodos ou sustos. Um bebé cresceu aqui e, mesmo cá dentro, acho que já me fez crescer. Parece cliché, mas para além de o ser, é verdade. E tenho a certeza de que há muitas mais ideias feitas que se aplicam totalmente à gravidez e à maternidade. Portanto, o que melhor fica até agora? Não sei resumir. Hoje não.

* Nota: A minha Inês já dá ares de entrevistadora, não dá? Oh God! Não sei se acho bem :) Temos que falar, um dia mais tarde, sobre estas lides do jornalismo.