O meu Algarve não foge à regra e, por isso, transforma-se, ao
sabor dos anos. Dos meus anos.
Conheci-o logo em pequenita, pela mão dos meus pais, sempre
inscansáveis no objectivo anual de passar e proporcionar às filhas umas grandes
férias na praia. Umas grandes férias na praia com tenda, com grelhador de
peixes e churrascos, de patusca programada para a hora das refeições. Umas
grandes férias com cheiro de cadelinhas descobertas pelos pés que esgravatavam
curiosos areia adentro, nas águas quentes de algas verdinhas. Até tarde,
tarde...
O meu Algarve de hoje já não tem tendas ou roulotes, nem filas
infindáveis para o banho ou para lavar a loiça. Já não tem cantorias de meninas
loucas de tão felizes. Já não tem escaldões na pele, quando os pais não estavam
para ver. Não tem atum fresquinho da praça de Vila Real de Santo António,
gelado de arroz doce à noite, em Olhão, nem manteiga a boiar na geladeira de
gelo derretido, à chegada.
O meu Algarve de hoje transformou-se, ao sabor dos meus anos. E
continua ser meu e a ser muito. E agora que escrevo isto, apercebo-me que que este Verão esteja a fechar o segundo capítulo desta história algarvia.
Para o ano, abro o terceiro, com uma nova personagem :)
O meu Algarve deste ano teve cheirinho de "despedida
boa", como há poucas, de resto. "Para o ano já vai ser diferente, não
fazemos isto nem aquilo, temos que trazer isto e aquilo, ela já vai fazer isto
e nós aquilo". Isto em sorrisos, às vezes nervosos no silêncio de cada de
um. No nosso silêncio de futuros pais. Nós pais, já não só filhos, pela
primeira vez na vida. Nós, tão felizes com este bocadinho de futuro que tivemos
a coragem de construir para nós. Há horas felizes. Há decisões bem tomadas.
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