sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Oração [incompleta] de uma mãe




Dei por mim a fazer um género de oração interior.

Tu pediste colinho para dormir e eu aproveitei, oportunidades destas já vão sendo poucas. Cresceste. Mas ainda és bebé. És sim.

Não pedi a Deus, pedi a ti, na esperança de que o teu peito quentinho em fase de pré-sonho sentisse as minhas preces. E as absorvesse.
Coração com coração, resulta sempre.

Pedi-te, primeiro que tudo, que fosses muito feliz.
Que saibas construir a tua felicidade, meu amor. Sonha, sonha muito. Mesmo que sejam coisas loucas: sonha! E dá passos para realizar os teus sonhos, sejam eles gigantes ou ínfimos aos olhos dos outros. Nunca deixes de sonhar. O sonho comanda mesmo a vida, ó pequenita!

Que saibas ser grata a quem, de alguma forma positiva, te ajuda a ser pessoa. Agradece sentidamente a quem te faz feliz, não deixes para depois, muito menos, muito depois. Agradece com o teu sorriso, com palavras, com um abraço, com carinho, com um aperto de mão, com o teu amor, com a tua memória.

Minha filha, não imponhas limites à tua liberdade, sempre que ela não esteja a interferir com a de outro alguém. Espero que consigas sentir-te livre para viver a vida na sua plenitude e que, de braços e mente aberta, consigas abraçar o teu mundo.

Faz escolhas. Espero que saibas fazer escolhas, tendo sempre em mente que uma amizade ou um amor não se trocam por nada, cultivam-se, mimam-se até à exaustão, respeitam-se. Exige para ti não menos do que aquilo que te faz feliz. Espero que saibas virar as costas a quem não te respeita. Vira mesmo e não olhes para trás. O teu mundo será aquilo que tu quiseres colocar lá dentro.
Escolhe o que te faz saltar da cama ainda de madrugada, escolhe comer aquilo que te faz lamber o pires, escolhe aquilo que te faz fechar os olhos só de imaginar, escolhe quem te faz chorar de alegria...

Espero (e sei) que (vais) ames (amar) muito. Ama sem limites. Conjuga a palavra amor com quem bem te apetecer, nas alturas que te apetecer. Alimenta um amor verdadeiro. Não tenhas medo, que o coração aguenta apesar de, às vezes, parecer que vai rebentar. Ama os outros, deixa que te amem. E ama-te a ti própria, sem intervalos.


E lava sempre os dentinhos, filha.

A mãe