sábado, 31 de agosto de 2013

Cesariana: sem gritinhos, sem loucura?

*** Este post foi escrito a 30 de Agosto e programado para sair no dia seguinte! Mas algo não correu como planeado :) De qualquer das formas, aqui fica a minha visão da cesariana... antes de a fazer.


E, de repente, muita coisa muda. E não sabemos o que sentir.

A ideia do parto "normal", com tudo o que tem de selvagem e algo violento - a mulher que faz uma força fora do comum, que transpira, que grita, que sofre, que desespera -, é algo romântica. São as dores da "guerra", um "mal" necessário pelo qual as mulheres têm que passar para poderem receber a sua recompensa para a vida inteira. 

Depois, as imagens da televisão ajudam-nos a criar um ideário povoado de grávidas a respirar ao compasso das contracções, cada vez mais fortes e insuportáveis, a conversa dos profissionais de saúde que discutem os dedos de dilatação, se sai mais uma dose de epidural, se se dá ordem para fazer força ou para aguardar mais um pouco...

E, de repente, muita coisa muda.
A menina está sentada e de perna esticada, Ana. Noventa e cinco por cento dos bebés, por esta altura, já se viraram, é muito difícil que a bebé ainda se vire. Tem que pensar que pode ter que fazer cesariana. 
Cesariana? 

Sem força? Sem respiração ofegante? Sem transpiração? Não aperto a mão do pai, com medo de lhe partir os ossinhos? Não há gritinhos, descontrolo físico? Loucura, não há loucura? Surpresa: será hoje, amanhã, depois de amanhã?

Planeado e silencioso. Descontraído. E uma cicatriz como marca de guerra. Ao menos que seja discreta.

Algo estranha esta sensação de quase lamentar não ter que passar por um processo de parto natural que, apesar de ter mais vantagens para mãe e filho a vários níveis, é, à partida, mais sofrido.
Os dias ajudam a digerir e, claro, a pôr para segundo plano, inquietações ou sentimentos que só merecem andar por aqui um tempo muito limitado. Afinal de contas, o que interessa é o que sempre interessou: que a bebé nasça saudável, em condições de segurança, e que eu, já agora, "sobreviva" (expressão aceitável nesta minha fase de gravidez, vá!) em iguais circunstâncias. 

Vai correr tudo bem. Eu sei.
Mães que vão fazer a mesma viagem, vai correr tudo bem. Eu sei.
Até já! :)

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