sexta-feira, 5 de abril de 2013

Pedro Bala, estou a caminho

Esta coisa de estar grávida e desempregada (ambos estados passageiros? duvido da efemeridade do segundo e não vale a pena contrariarem-me, já sou dona e senhora deste estado!) pode resultar em coisas boas. Ou menos boas.
Sabe bem andar mergulhada neste universo, onde existo eu, o B. e uma barriga com uma pessoa a crescer lá dentro, uma família a compor-se, um sonho a concretizar-se, uma sensação de "vida para frente, eu quero, posso e mando no meu destino, havia dúvidas?". Mas, como em todos os mergulhos, tenho que vir ao de cima, de vez em quando, para respirar, não é? E nesse compasso encontro-me com o resto do mundo, o real, dos "crescidos" não grávidos, que me lembra que os problemas cá continuam praticamente todos.

E nisto sinto vontade de viajar. O tal exílio bom que sempre me passa pela cabeça e que quando se concretiza, ui... E sinto vontade de me encontrar por aí, ou que alguém me encontre e me ponha no caminho  (como se existisse!) que faz as coisas andarem outra vez. Como em tempos...E sinto vontade de (me) emigrar. De mudar não sei bem o quê, ou de ficar quieta, contando que quase tudo o que tem que mudar, muda. Mesmo que seja eu! Mesmo que seja eu.

Há bocado telefonaram-me. Olho para o écran, e o número parece-me algo familiar mas a rapidez da acção não dá para mais. "Bom-dia, fala do Diário de Notícias, este número é do jornalista xxxx Rito?", perguntam-me, adivinhando a resposta. "Bom-dia, pois este número não é dele, é da Ana M.. Já trabalhei com vocês mas devem ter trocado o contacto", respondo. "Pois é, Ana. Sendo assim, obrigada e bom-dia".
Fiquei a pensar na pessoa que me telefonou, e na pessoa que já lá trabalhou há uns anos e que identificava de imediato aquele número. E nos anos que passaram. E não é preciso mais.

Decidi, entretanto, que esta tarde vou subir do mergulho mais cedo. E vou-me manter no mundo dos crescidos, no real, mais horas.
...Mas também não sou masoquista.  Vou ter com o Sem-Pernas, com o Pedro Bala e os meninos delinquentes todos de Salvador da Bahia. Descobri-te tarde Jorge Amado, mas o que interessa é que descobri! Vou, portanto, emigrar (me), por uns momentos que seja.
Bom fim-de-semana!


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